Tal como mencionei anteriormente, sou um crente profundo no conceito de que a objetiva é o pincel e o sensor da câmara é a tela. É por isso que viajo com tantas objetivas diferentes quando vou para o exterior. Embora viaje com todas elas, a minha tendência é usar a 28-300 mm. Se ou quando necessitar de uma solução com uma só objetiva, a 28-300 mm é a que prefiro. É adequada para quando não tenho ideia se vou necessitar de uma grande angular ou de uma teleobjetiva, o que acontece quase sempre quando estou no exterior.
O motivo desta escolha tem a ver com a importância de algo que se designa por efeito bokeh, que é a forma como a objetiva lida com o que está no enquadramento, desde o que está focado até ao que está desfocado. Esta é, do meu ponto de vista, a consideração mais importante na escolha de uma objetiva. Todas as objetivas focam (é essa a sua função), mas o mais importante é a forma como cada uma trata a rampa que vai do focado ao desfocado. Uma fotografia diz mais respeito aos objetos que não estão focados do que aos que estão; tal não é mais do que a simples física subjacente às objetivas. Para mim, mais do que tudo, além de ser totalmente nítida no ponto de focagem, a 28-300 mm apresenta um efeito bokeh magnífico. Combinando esse efeito com as melhorias na sensibilidade com pouca luz dos sensores utilizados na D4S, D750 e D610, as imagens obtidas são excecionais. Os sensores destas câmaras proporcionam-me a oportunidade de capturar a luz mais bonita, uma luz extremamente fraca com uma abertura e velocidade do obturador que permitem imobilizar o momento. Em resultado, deixo de necessitar de uma objetiva "rápida" (f/1,4, f/2,0 ou f/2,8) em situações de pouca luz. Tenho a possibilidade de utilizar (e utilizo) esses tipos de objetivas pelo seu efeito bokeh, mas deixo de ficar dependente delas quando a luz for fraca ou quase inexistente.
Nas minhas últimas três sessões na Birmânia, mas últimas três em Cuba e nas duas mais recentes na Índia, e em praticamente todas as que fiz pelo meio, utilizei a 28-300 mm como objetiva principal. Nos últimos cinco anos, tirei mais fotografias com a 28-300 mm do que com qualquer outra das que possuo.
A minha qualidade é tão boa como a dos momentos que me inspiram e que ocorrem diante da objetiva. A qualidade das minhas imagens é tão boa como a do sistema de objetiva e câmara que utilizo para capturar esses momentos. As imagens que crio são a moeda da minha carreira. Optei por curvar a luz na maior parte dos casos, nos últimos cinco anos, com a 28-300 mm. Os corpos das câmaras vão e vêm, mas o vidro é para sempre.
Artigo e imagens de Vincent Versace.